Ivone Santana | De Barcelona
18/02/2011
Noah Berger/Bloomberg
Paul Jacobs, executivo-chefe da Qualcomm: novos dispositivos móveis prometem crescimento significativo
Faz mais de dois anos que a Qualcomm não tem um presidente no Brasil. As decisões são divididas entre dois gerentes e uma diretora, que respondem a um comando centralizado que reúne quatro regiões: Ásia, Europa, Américas e Índia. O modelo, pouco usual entre as multinacionais de tecnologia da informação (TI), parece sugerir que o Brasil perdeu importância no contexto global do grupo, mas Paul Jacobs, executivo-chefe da fabricante de chips, diz ao Valor que isso não é verdade.
Enquanto o Brasil ainda não faz licitações de frequências para a quarta geração de serviços móveis, a unidade local continua a trabalhar com as operadoras nas redes de 3G, cuja adesão ainda é limitada no país. Paralelamente, prossegue com a Zeebo, desenvolvedora de jogos que mantém em sociedade com a Tectoy. Segundo o executivo, a Qualcomm pode aumentar seus investimentos no Brasil, com a contratação de mais funcionários, à medida que o mercado crescer.
A Qualcomm já passou por várias transformações no país e, desde a aposentadoria de Marco Aurélio Rodrigues, o cargo de presidente não foi preenchido. O diretor corporativo que respondia pela função, Paulo Breviglieri, também saiu da empresa, no fim de 2010, e o comando local foi dividido. "A Qualcomm está sempre reorganizando regiões", afirma a diretora de marketing, Jaqueline Lee, um dos três pontos de liderança no Brasil. Todos respondem diretamente ao presidente para a América Latina, Flávio Mansi.
Embora não seja uma marca conhecida no varejo, a Qualcomm está presente no dia a dia de milhões de consumidores. A companhia não produz celulares, mas é responsável por chips essenciais ao funcionamento dos aparelhos. Os processadores estão presentes nos dispositivos de diversos fabricantes, o que garante à empresa uma ampla presença no mercado.
O investimento mais recente é na família de processadores Snapdragon, com potência superior a 1 gigahertz, que, segundo a empresa, garante mais capacidade de processamento e velocidade ao celular. Em termos de comparação, Jaqueline diz que a potência do chip é comparável à que um computador tinha há três anos.
A evolução da família Snapdragon permitirá à Qualcomm disputar a nova onda de mercado que vem sendo criada pelos tablets. "Todos falam sobre isso neste ano. Realmente, é algo excitante que está chegando", diz Jacobs. O executivo classifica esses equipamentos e outras categorias de dispositivos móveis e tecnologias avançadas como "mercados-chave", que prometem um crescimento significativo.
Com o Snapdragon APQ8064, a companhia desenhou um produto para marcar sua entrada na nova geração de tablets e outros dispositivos para computação - principalmente os aparelhos voltados ao entretenimento, que requerem alta capacidade para rodar vídeos e jogos. Existem no mercado 65 modelos de dispositivos produzidos por diversos fabricantes sob o licenciamento do Snapdragon e outros 150 em desenvolvimento, afirma Jaqueline. Desses últimos, 60 têm dois processadores, adequados, portanto, para jogos em 3D; outros 20 são para tablets.
Com receita anual global de US$ 11 bilhões, a Qualcomm firmou-se como uma tradicional fabricante de chip para celulares. Agora, as mudanças tecnológicas recentes em sua linha produtos abre espaço em novos mercados potencialmente lucrativos, como o dos tablets. Essa convergência digital, no entanto, também está trazendo para seu campo novos concorrentes. É o caso da Intel, a gigante dos chips para computadores que está estreando no setor de celulares.
As estimativas dos analistas são de crescimento acelerado tanto para tablets quanto smartphones. "O tablet é como o iPhone [smartphone da Apple], só que maior. O tablet será mais usado por empresas e o smartphone, por consumidores em geral", opina o diretor da 4G Américas, Erasmo Rojas.
A repórter viajou a convite da Qualcomm
Fonte: Valor economico de hoje
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