domingo, 14 de agosto de 2011

Downgrade nos EUA, o circo reabriu

Pela primeira vez na história os Estados Unidos foram rebaixados por uma importante agência de classificação de risco. A S&P (Standard & Poor's) removeu a nota AAA do país, dizendo que o acordo orçamentário recentemente fechado em Washington (que incluiu a elevação da dívida americana) não fez o bastante para resolver o pálido panorama das finanças americanas. Este rebaixamento confirma o que havíamos criticado aqui no Finanças Inteligentes algumas semanas atrás, a incompetência, incapacidade e irresponsabilidade das autoridades políticas mundiais para resolução de uma crise que começou em 2008.

O downgrade nos Estados Unidos revela onde está o epicentro desta nova crise mundial, localizada dentro do próprio Estado. Decisões políticas visando reeleição e o benefício próprio dos partidos estão afetando as economias de diversos países. Nos últimos anos, ou nesta última década, a irresponsabilidade em administrar as contas públicas tornou-se uma característica comum entre vários países no mundo, inclusive o Brasil. Nos países desenvolvidos os déficits fiscais aumentaram de forma expressiva virando uma bola de neve que é repassada a cada eleição presidencial. Não apareceu um político no mundo que arriscou o seu próprio cargo em benefício da nação. Economia funciona de uma forma tão simples que chega a ser ridículo dizer que bastaria gastar o mesmo tanto que se arrecada para não ter problemas futuros e manter o crescimento sustentado por décadas.

Por "sorte" este rebaixamento no rating dos Estados Unidos não foi anunciado com os mercados funcionando, o que muito provavelmente iria acionar circuit break em diversas bolsas mundiais. A S&P notificou o Departamento do Tesouro Americano que iria rebaixar a dívida dos EUA e apresentaram ao governo suas conclusões. Funcionários do Tesouro notaram "um erro" de 2 trilhões de dólares nas contas da S&P que retardou o anúncio por várias horas. Por este motivo os mercados caíram tão forte na sexta-feira e logo se recuperaram, pois houve um vazamento de informação "que não foi confirmado". Logo a noite, com as contas revisadas a S&P anunciou o corte no rating dos EUA, mas com os mercados já fechados.

Após o anúncio, em questão de minutos, surgiram vários especialistas, comentaristas, doutores, analistas, economistas e até mesmo carpinteiros, faxineiras, babás, manicures e pedicures (me perdoem a ironia, mas não sei da onde tiraram tantos especialistas, de uma hora para outra, para falar deste assunto) escrevendo artigos e matérias "terroristas" na mídia. Logicamente devidamente embasados em suas bolas de cristais super-poderosas.

Até a China resolveu cantar de galo em cima dos americanos. Mas desde quando um país que cresce a base de uma semi-ditadura, que explora a mão de obra, mantêm uma desigualdade social enorme e manipula descaradamente o câmbio tem respaldo para criticar políticas econômicas alheias? Além do mais a China só é o maior credor da dívida americana pois tem que comprar dólar e aplicar em treasuries para manter sua moeda desvalorizada. Nesta crise política mundial, de herói não tem ninguém. Os países representam as peças de um verdadeiro jogo de xadrez para saber quem é que vai pagar a conta de tantas irresponsabilidades do passado recente.

Inevitavelmente os mercados serão afetados nas próximas semanas, o efeito psicológico será o grande responsável, muitos investidores irão agir por impulso acompanhando o movimento de manada do mercado. É certo afirmar que alguns fundos de pensão são obrigados, por estatuto, a aplicar parte de seus recursos em ativos AAA, a grande referência destas aplicações eram os títulos públicos americanos (treasuries). Devido ao rebaixamento, pode ser que alguns fundos tenham que fazer uma realocação em suas aplicações, ou caso contrário teriam que alterar o estatuto permitindo aplicar em ativos AA+ (atual nota dos EUA).

O que acontecerá com os Estados Unidos a partir de agora? Qual o bônus que o tesouro americano terá de pagar para conseguir rolar novas dívidas? Onde os fundos terão de aplicar se tiverem que sacar o dinheiro do tesouro americano? O dólar vai deixar de ser a moeda de reserva mundial? Os políticos irão conseguir resolver esta crise? Eu encontrei diversas respostas para estas perguntas na internet e todas elas tem o mesmo valor de um papel de bala xita. Não agregam valor, conhecimento e acima de tudo brincam com o seu dinheiro.

Preocupe-se com os seus problemas e mantenha disciplina nos investimentos. Deixem os alarmistas falarem pelas paredes. Renda variável é simples, a bolsa sobe e desce, crises sempre irão existir. Mas se você continuar dando atenção para o q.

Fonte: http://www.financasinteligentes.com/e falam na mídia vai continuar comprando na alta e vendendo na baixa

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